A Estrada de Ferro Central do Rio Grande do Norte era conhecida
como “trilhos de ouro”, pois grande parte da riqueza econômica potiguar era por
ela transportada e a inauguração da estação de Epitácio Pessoa não foi um fato
qualquer. Na edição do jornal natalense “A República”, do dia 10 de Janeiro
daquele ano, temos com grande destaque a informação que a estação começou a
funcionar em um domingo, dia 8 de janeiro de 1922. Mas o evento começou ainda
na garagem da EFCRN, Estrada de Ferre Central do Rio Grande do Norte, em Natal,
às oito horas de uma manhã ensolarada, com a partida de um trem expresso
especial em direção a nova estação. Na composição seguiram o então governador
potiguar Antônio de Souza, o vice-governador Henrique Castriciano, o chefe de
polícia Sebastião Fernandes, o desembargador Hemetério Fernandes, o juiz
seccional Teotônio Freire, muitas outras autoridades e a banda de música do
Batalhão de Segurança, que ao longo do trajeto foi tocando para animar os
presentes. Tudo foi organizado por João Benevides, o diretor da Estrada de
Ferro Central do Rio Grande do Norte.
O trem especial seguiu por Pureza e Taipu, realizando uma parada
as 10:45 na pequena povoação de Baixa Verde, atual município de João Câmara.
Ali, na pousada de Getúlio Costa, ocorreu o almoço dos viajantes. Depois a
comitiva saiu pelas poucas ruas do lugarejo, indo visitar a feira da cidade,
que na época ocorria em um grande barracão.
Na sequencia da viagem o trem passou por Jardim, atual Jardim de
Angicos, onde embarcou o coronel Miguel Teixeira, sua esposa e filhos. Vale
ressaltar que a mulher do coronel era Luiza Alzira Soriano Teixeira, que em
1928 seria eleita a primeira prefeita no Brasil, justamente na cidade de Lajes,
onde o trem especial realizou a última parada antes do seu destino.
Na sequência do trajeto as amareladas páginas do jornal “A
República” informam que, mesmo visto a distância, deslumbrou a todos a
majestade e imponência do Pico do Cabugi, certamente o mais representativo
acidente geográfico do Rio Grande do Norte.
Ao redor da nova estação de Epitácio Pessoa estava uma grande
multidão. Veio gente montado em animais desde Angicos, Carapebas (atual Afonso
Bezerra) e até de Macau. Ricos, pobres, fazendeiros, trabalhadores rurais e vaqueiros,
toda o povo da região estava presente
para ver a chegada da máquina de ferro. Eram três e meia da tarde quando o trem
chegou apitando ruidosamente. Girandolas com potentes fogos de artifício
estouravam no céu, vivas foram erguidos aos visitantes que partiram da capital.
Primeiro desceu a banda para tocar hinos, marchas e dobrados, depois a
comitiva.
Na estação, pelos informes do velho jornal, durante a cerimônia
ocorrida há 93 anos, o que não faltou foram discursos e homenagens,
principalmente para o então Presidente da Republica. Pela comunidade falou Luiz
Tassino de Menezes, enaltecendo a importância da chegada dos trilhos, do trem e
da estação para a economia e desenvolvimento local. As fotos deste evento foram batidas pelo tenente João Galvão.
Simbolicamente a chave da nova estação foi entregue ao encarregado do local,
Antenor Brandão. Após os discursos, a comitiva, a banda de música e o povão
foram caminhando até o povoado, que na época ficava a 300 metros de distancia
da estação (hoje a área urbana cerca o prédio destruído).
Eram cinco da tarde quando o trem partiu com a comitiva para Baixa
Verde, onde todos pernoitaram. Só chegaram a Natal às nove da manhã da segunda
feira.
Postal antigo
que mostra uma locomotiva alemã que foi importada para o Rio Grande do Norte e
utilizada pela
Estrada
de Ferro Central do Rio Grande do Norte – EFCRN a partir de 1915. Certamente
esta antiga máquina passou pela estação de Epitácio Pessoa, atual Pedro Avelino
Fonte: Rostande Medeiros
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